quarta-feira, 16 de agosto de 2017

OS DOIS QUADROS DE UMA ELEIÇÃO: LULA AUMENTA VANTAGEM APÓS CONDENAÇÃO DE MORO, MAS SEM ELE NA DISPUTA BOLSONARO LIDERA A CORRIDA PRESIDENCIAL.

A PESQUISA FOI REALIZADA PELO INSTITUTO DATA PODER 360. (As informações são do site ligado ao instituto. Comento a seguir.

A pesquisa DataPoder360 indica que se a disputa pelo Palácio do Planalto fosse hoje e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 71 anos, não disputasse, o maior beneficiado seria o deputado federal Jair Bolsonaro (RJ), 62 anos –de saída do PSC para filiar-se ao PEN (Partido Ecológico Nacional, que de ecológico nada tem) e, que deve mudar o nome para Patriota numa jogada de marketing para melhor abrigar o polêmico deputado carioca.

Com Lula no páreo, a corrida presidencial segue estável. O petista está consolidado e até mostrou 1 avanço, pontuando em agosto 31% e 32%, nos 2 cenários testados. Em julho, antes da sentença do juiz federal Sérgio Moro(responsável pela Lava Jato em 1ª Instância), Lula tinha 23% e 26%. A pena imposta pelo magistrado e a maior exposição pública parecem ter feito bem ao petista.

O fato incontestável deste momento é que Lula é o único pré-candidato que certamente iria para o 2º turno se a disputa fosse agora. A propósito desse fato, há que ser considerada a pendência judicial do petista: ele é réu em 5 processos e já foi condenado por Moro a 9 anos de prisão. O petista recorre em liberdade.

Embora as variações fiquem próximas da margem de erro máxima da pesquisa, é nítido que Lula está com 1 eleitorado cristalizado na faixa que vai de 25% a 30%, quando se observam os percentuais obtidos pelo petista desde abril –mês em que o DataPoder360 começou a fazer seus levantamentos mensais.

A pesquisa do DataPoder360 foi realizada por telefone (com ligações para aparelhos fixos e celulares) de 12 a 14 de agosto. Foram feitas 2.088 entrevistas em 197 cidades. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos. Ou seja, 1 candidato com 25% está na faixa de 22% a 28%, aproximadamente.






COMENTÁRIOS DO BLOG

A pesquisa datapoder mostra que dois candidatos possuem um eleitorado cristalizado: Lula e Bolsonaro. O crescimento do petista pode ser explicado pela assimilação por grande parte da população de que a justiça tem se comportado de forma um tanto parcial, já que políticos citados como Aécio Neves e o próprio presidente Temer permanecem blindados. Bolsonaro é outro que cresce nas pesquisas, apoiado no antipetismo, por parte do conservadorismo brasileiro e de grupos de direita (moderada e extrema). Bolsonaro cresce entre os insatisfeitos com o cenário político, mas não responde a questões pontuais enfrentadas pela nação.
Caso dispute, Lula dificilmente fará o que já fez. O cenário internacional e nacional é outro. Seus dois mandatos bem avaliados pelo povo, sua imagem de perseguido e o medo das reformas que Michel Temer implanta punindo os pobres mantém seu favoritismo. As matérias primas que nós exportamos perderam valor, o Brasil está se desindustrializando e a miséria volta a ser um leão rugindo querendo devorar os mais vulneráveis. O mito de Lula não foi destruído pela mídia, pela direita ou pela Lava jato, mas um país não pode se manter sustentado no personalismo. Lula sendo candidato resumirá a eleição entre grupos antagônicos: os que o amam e aqueles que o odeiam. O maior inimigo e benfeitor político de Lula é o juiz Sérgio Moro. Se o magistrado tivesse guardado recato, não tivesse passado por cima da lei (como na divulgação dos grampos ilegais envolvendo Lula e a ex presidente Dilma), evitado comparecer a eventos do PSDB e falado apenas nos autos, talvez a maioria dos brasileiros não o visse como perseguidor ou herói e simplesmente como um juiz. Agora, depois de tanta parcialidade por parte de procuradores e de membros do judiciário, fica difícil de engolir que não há um esforço para tirar o Lula da jogada. Sendo ele culpado ou inocente, o que ficou mais transparente para muitos foi a convicção de quem o quer ver preso.
Bolsonaro soube como ninguém usar das redes sociais e se aproveitar da campanha que nivelou todos os políticos tradicionais como corruptos (até mesmo os que não são). Usa do antipetismo e do ódio às esquerdas como plataforma, se colocando como único candidato honesto e com propostas que agradam à classe média e a camadas que se sentem ameaçadas pela violência urbana. Bolsonaro quer armar o "cidadão de bem", quer o fim das cotas raciais, defende o Estado mínimo e leis mais rígidas. Muitos engolem esse remédio sem saber se é realmente capaz de curar os males da nação. Mas Bolsonaro não tem plano de governo, discute com jornalistas quando estes perguntam sobre temas que ele já deveria entender e não domina, como aconteceu com o professor Villa, na rádio Jovem Pan. O deputado também aposta no voto evangélico. Foi batizado no Jordão, pelo pastor Everaldo (o mesmo que vendeu tempo de campanha para Aécio bater em Dilma) e não combate as fakenews que alimentam as páginas de grupos apoiadores que criam ameças e alimentam o clima de paranoia política: desde a estratégia esquerdista da mídia para alienar o povo, os grupos que querem transformar o Brasil numa ditadura como Cuba ou Venezuela e até mesmo da islamização do Brasil (seria cômico se não fosse trágico).
Bolsonaro pode ser o candidato do momento, mas talvez não mantenha sua intenção de voto com o acirramento da campanha e a realização dos debates entre os candidatos.
Marina Silva foi quem mais perdeu nos últimos meses. A candidata da indecisão, a mesma que muda de ideia dependendo de quem a critique, se posicionou a favor do impeachment, não se opôs às reformas, não pediu mobilização contra o atual governo e perdeu o apoio entre os eleitores das esquerdas. Minguou e hoje tem apenas uma margem de erro como intenção de voto.
Ciro só pontua razoavelmente bem num cenário sem Lula. Embora já tenha disputado eleições, ajudado a elaborar o real e sido ministro, só há pouco tempo descolou sua imagem do grupo que orbitava em torno de Lula. Crítico do governo Dilma mas contrário ao impeachment, foi um dos primeiros a denunciar figuras como Michel Temer e Eduardo Cunha como corruptos e, nas palavras dele "chefes de quadrilha". Pode crescer a partir dos debates presidenciais.
O PSDB ainda está rachado. João Dória e Alckmin não se bicam mais e disputam a indicação do partido. Num cenário sem Lula, a vantagem é de Dória para disputar um segundo turno.
As eleições de 2018 se assemelham as eleições de 1990. O quadro é imprevisível. O povo deve estar atento e lutar contra a tentação de simplificar esse projeto numa briga fratricida entre direita e esquerda, pois a maior vítima será o país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários registrados não traduzem a opinião do blog e são de responsabilidade de seus respectivos autores

A ÚLTIMA POSTAGEM DESSE BLOG

"Tudo tem um começo, um meio e um fim", disse o Oráculo a Neo. Há dez anos inicie um blog. Meu objetivo era debater o que aco...