quinta-feira, 22 de setembro de 2016

O JUIZ TEM CERTEZA

Certa vez num Fórum vi um amigo que trabalhava a serviço do Ministério Público estadual nervoso, com uma pilha enorme de papéis nas mãos. Quando indaguei o que havia ocorrido, ele disse:

_ Tem promotor que pensa que é Deus.
Forcei um sorriso e juntei outra pergunta:
_ Se promotor pensa que é Deus, o que faz um juiz?
_ Ah, o juiz nunca pensa que é Deus, ele tem certeza que o é!
Todos rimos.

Agora, ao ver a atuação midiática e partidarizada da Operação Lava Jato, a cena não me parece mais cômica. Identifico o juiz Sérgio Moro como um dos que tem certeza de sua divindade.

Criticar o exibicionismo e a seletividade da Car Wash não é estar a favor da corrupção, é se colocar em defesa do Estado de Direito, onde o direito individual se sobrepõe às convicções dos agentes do poder do Estado.

O juiz Moro e sua equipe de subordinados não intimou a esposa do Cunha porque não sabia onde ela morava. Eles não, mas o Cabrini, do SBT, conseguiu entrevistá-la junto do marido. Moro também não expediu conduções coercitivas para tucanos e democratas, nem mandatos de prisão preventiva para alguns políticos que já foram mais delatados que os petistas.

Moro foi célere em vazas áudios obtidos após ele mesmo ordenar o encerramento das escutas, conversas que envolviam agentes com foro privilegiado. Ordenou condução coercitiva de quem nem sequer tinha sido chamado a depor e hoje promove mais um espetáculo grotesco com o ex-ministro Guido Mantega.

Ele oferecia resistência, atuava para prejudicar investigações ou planejava fugir do país?
Não, Guido Mantega acompanhava sua esposa no hospital. 

Foi lá que ele foi preso, como se fosse um grande criminoso que pudesse desbaratar todo o esquema da Car Wash.

Prenderam um homem que estava tentando acompanhar sua esposa em um momento dramático, dentro de um hospital, para revogar essa ordem de prisão após o dano ser feito.

A Lava Jato começa a dar sinais de que está se perdendo, torna-se Car Wash, midiática, tendenciosa e de forte inspiração política.

Seu objetivo não é mais a idealização do fim da corrupção, é prender o nine fingers.
Não importa se viola leis, fere direitos e cria exceções.

Não importa se está se assemelhando as forças ditatoriais que tomaram à força o poder no Brasil em 64.

Moro não tem dúvidas, tem plenas convicções.
Ele é Deus!

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